Um passeio por Jacarepaguá


É interessante que todos conheçam, historicamente, o bairro onde vivem.

Encontrarão um acervo monumental que dá a Jacarepaguá a primazia de ser, como bairro, o primeiro em pontos históricos do Rio de Janeiro, só cedendo a palma ao centro da cidade.

Confira as dicas dos locais que compõem a memória histórica da região.

Aqueduto e “Colônia Doutor Juliano Moreira”

No antigo Engenho Novo da Taquara – atual Instituto Municipal Juliano Moreira- existem as ruínas de um aqueduto edificado nos meados do século XVIII. Possui atualmente sete arcos de volta plena, sustentados por pilares muito robustos – há poucos anos restavam oito. No passado eram uns trinta e cinco. É a miniatura do aqueduto da Carioca – hoje conhecido como Arcos da Lapa. Servia para abastecer aquela propriedade com o precioso líquido, em uma época onde os recursos modernos ainda não existiam. A água trazida da represa que abastecia o engenho servia para o uso dos moradores e para fazer girar as moendas de cana na preparação do açúcar.

Igreja Nossa Senhora dos Remédios
A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, localizada no Instituto Municipal Juliano Moreira, é anterior a 1664. Sua reconstrução teve realização no século XIX. Seu pátio externo é muito estreito, próximo aos muros do portão de entrada do antigo Engenho Novo, outro nome com que foi conhecido. Missas aconteciam somente às sextas-feiras e domingos.

Casa Grande e Senzala
A casa grande e a senzala foram edificadas em 1654, porque era um terreno de terras devolutas, quando passou a ser um engenho.
Tanto a casa grande como a senzala estão cercadas por altas grades de arame, impedindo a entrada de visitantes, pois há risco de desabamento pela má conservação.
Olhando de fora, suas paredes retratam fatos característicos do século XVII.

Capela São Gonçalo de Amarante
Essa é outra sugestão para visitação. Situada à Estrada do Camorim, a Capela de São Gonçalo de Amarante, inaugurada em quatro de outubro de 1625, é toda original, apesar das reformas.
O Departamento do Patrimônio Histórico do Rio de Janeiro colocou um poste dando uma série de informações às pessoas que vão visitar a referida capela. Existe no poste um erro de registro: está escrito Capela de N. S. do Amarante. Comuniquei tal engano ao responsável que informou providenciar a correção do erro e até hoje o poste está lá com os dizeres: N. S. do Amarante.

Igreja Nossa Sra. do Monstserrat
Vargem Pequena sedia a Igreja de Nossa Senhora do Montserrat que tem como data de edificação o ano de 1766, quando a região pertencia aos padres do Mosteiro da Ordem de São Bento.
Foram esses monges que após receberem por testamento as terras do Engenho do Camorim de D. Victória de Sá, edificaram mais dois engenhos com os títulos de Vargem Pequena e Vargem Grande.
Esta capela, apesar de estar com o fundo do altar em péssimas condições, todo escorado com madeiramento de construção, vale à pena ser visitada, pois, transformou-se em 1710 como ponto de vigilância contra invasão marítima à cidade.

Igreja de Nossa Senhora de Loreto e Santo Antônio

 

Criada em seis de março de 1661, a Freguesia de Nossa Senhora de Loreto e Santo Antônio é a quarta do Rio de Janeiro. Seu primeiro pároco foi o padre Antônio de Almeida, que só iniciou os trabalhos em 1665. A criação da Freguesia é de 1661, porém, sua construção tem data de 1664, em terras do padre Manuel de Araújo. Não é a igreja primitiva. A anterior foi erguida em sítio próximo à atual, ou seja, onde está localizada a Escola cujo título é: “Casa Paroquial Nossa Senhora do Loreto”. O prédio da mesma pertence à igreja. A nova é do século XVIII – entre 1728 e 1742. Sofreu várias reformas desde sua edificação, tendo a última, em 1936 – já no século XX – modificado consideravelmente sua aparência.

Igreja de Nossa Senhora da Penna

Localizada em um penhasco de 160 metros de altura, na Freguesia, a Igreja de Nossa Senhora da Penna é um dos principais marcos históricos do bairro. É desconhecida a data da edificação dessa casa de orações, mas sabe-se, por pesquisas, ser anterior à de Nossa Senhora de Loreto e Santo Antônio que é de 1661. A festa de Nossa Senhora da Penna, que é padroeira de Jacarepaguá, é dia oito de setembro, um acontecimento muito prestigiado pela população, que sobe a ladeira para festejar.

Parque Pedra Branca



O Parque Estadual da Pedra Branca é considerado a maior floresta urbana do mundo. O parque abrange 12.500 hectares, área quatro vezes maior que a do Parque Nacional da Tijuca e em sua fauna existem mais de 500 espécies raras, algumas em extinção. Já a flora tem espécies exuberantes como o pau-brasil, o palmito juçara entre outras. O acesso ao Parque pode ser feito em três guaritas: uma na Taquara (Núcleo Pau da Fome), outra em Realengo (Núcleo Piraquara) e a terceira em Jacarepaguá (Núcleo Camorim). Visitações de terça a domingo, das 9 às 16h30.

OPINIÃO
Infelizmente este maravilhoso acervo encontrado em Jacarepaguá, com raríssimas exceções, está caindo aos pedaços.
É uma pena que tal fato esteja acontecendo. Constatamos o descaso por parte do órgão responsável pela conservação do patrimônio da região. Se analizarmos friamente iremos concluir que esse desmazelo abrange a maior parte dos nossos patrimônios.
É nosso dever participar de passeio e palestras e transmitir a importância da conservação desses pontos turísticos.
Venho há muito tempo acentuando: “Um povo que não tem memória, não tem futuro”. Esta é uma afirmação que não pode ser desmentida por mostrar a verdadeira realidade desses fatos.
Vamos economizar um pouco nos fogos de fim de ano, quando os nossos dirigentes queimam milhares de reais, sem qualquer retorno e destiná-los a eternização dos monumentos que preservam a História.

 

Carlos Araujo
araujo.histo@gmail.com 
(publicado na Edição 59 do Jornal Nosso Bairro Jacarepaguá)

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